DeMoura



DeMoura é o nome literário de Mário Mendes de Moura, editor durante sessenta anos no Brasil ( Fundo de Cultura, Páginas, Vértice, etc.), em Espanha ( PluralSingular) e Portugal ( Pergaminho, Arte Plural, Bico de Pena e Vogais & Companhia). Em 2014 lança a sua mais recente editora, a 4 Estações.
A partir de 2013 dedica-se à escrita. "O Contador de Estórias" e o "Escultor de Almas", são os primeiros títulos publicados na coleção Estação Primavera e na 4 Estações Editora.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

BOA NOITE 2014 - BOM DIA 2015

     18  - BOA NOITE  2014   - BOM DIA  2015

  Ao terminar o último dia de 2014 apresento um lindo texto — não de minha autoria — com algumas centenas de anos, que pode ser interessante ao revermos o ano que finda e nos prepararmos melhor para enfrentar o que começa.

                          «DESIDERATA
  Caminha serenamente por entre a azáfama e o barulho dos homens e lembra-te da paz que é possível encontrar no silêncio. Tanto quanto possível, sem cumplicidade ou rendição, mantém boas relações com os teus semelhantes. Afirma as tuas verdades com clareza e com serenidade e escuta o que os outros têm para dizer, mesmo os simples, os inocentes e os ignorantes — também eles têm a sua história. Evita as pessoas agressivas, porque ferem e diminuem o espírito. Se te comparares aos outros homens podes tornar-te soberbo, arrogante e amargo, porque haverá sempre pessoas melhores e piores que tu. Goza os teus triunfos e o prazer de planear para o futuro. Mantém vivo o gosto pelo teu ofício ou profissão, por mais humilde que seja; é uma riqueza verdadeira e certa nas contingências da fortuna. Sê cauteloso nos negócios, porque o mundo está cheio de maldades e traições. Mas nunca deixes que essa cautela te cegue para a virtude que existe. Há sempre à tua volta muitos homens que lutam por altos ideais, e por toda a parte a vida está cheia de heroísmo. Aceita-te tal como tu és, e principalmente nunca penses no amor com cinismo porque face a toda a avidez e desilusão o amor é perene como a relva. Aceita generosamente o conselho dos anos que passam, e abandona sem mágoa as coisas que pertencem à juventude. Cultiva a força do espírito para te protegeres em caso de súbita desgraça. Mas não tortures o teu espírito com angústias imaginadas. Muitos medos e muitas angústias nascem da fadiga e da solidão. Mantendo uma disciplina fundamental sê tolerante contigo próprio. És filho do Universo tal como as árvores e as estrelas, tens direito ao teu lugar no mundo e, quer tu queiras ou não, o destino do Universo segue o seu devido curso. Por conseguinte, fica em paz com Deus, seja qual for o Deus em que acredites. E sejam quais forem as tuas labutas e aspirações, na confusão ruidosa da vida, fica em paz com a tua alma. Apesar de toda a mentira, do suor sem recompensa e de tantos sonhos fracassados o mundo em que vivemos é cheio de beleza. Sê prudente, E tenta sempre ser feliz.»
  (Encontrado na Old Saint Paul’s Church, Baltimore, datado de 1698)


   A veracidade da autoria e data desta Desiderata foi posta em dúvida por alguns, apesar de estar gravada na pedra na referida Igreja. Mas, o que importa quem escreveu, quando escreveu e porque escreveu? De qualquer forma é um pouco inocente para os dias de hoje, mas sábia e inspiradora. Mas porque não enfrentar o ano que começa com alguma candura e otimismo?
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